21.6.09

corrida aos saltos

De vez em quando aparece cada uma que é de bradar.
Agora, juntam-se cerca de uma centena de mulheres para correrem de salto alto... o que é um contra-senso à medida dos tempos que correm. Não entrarei em questões anatómicas, mas o que mete mais espécie é haver tanta gente a entrar nestes «grupos» – reflexo do desnorte (e da mania do que o que é «diferente», é (que é) bom, «original, inédito»...) que se vive nesta era complicada do Aquário... Está-se mesmo a ver a mediania a dirigir-se às sapatarias à procura de sapatos de salto alto... para treinarem para a próxima competição, e para aparecerem nos me(r)dia. :) Se calhar, para algumas, o salto é crescimento ou ascensão social, mas nada ensinam sobre a pedra no sapato, ou será o seu exemplo pacífico de manifestação como as maratonas e outras tonas a seguir à deriva para satirizar - o quê? As meretrizes dos palcos capitais do ioga de estrada e desbunda notívaga dos bairros persas?
O espetáculo também se consegue com ergonomia social e fantasia; embora não sejam estranhas as formas de se manifestar em casos concretos de vernissage, a socialite convive intramuros em vez de estarem a divertir o agiota do cais que antes de partir a loiça, partiu na nova rota para dar o salto... para o alto. É a marca do fado que tem cada pessoa por ser fadada a encontrar o caminho da águia joanina, ou continuar o ritual do peixe, empreendedorismo especulativo, ou improvisando verdadeiras manifestações de criatividade? – artistíca, profética, poética ou estratégica... em momento de crise aos trambulhões... a que só falta as tiranias do oriente extremo, criado pelos ares de uma longa e atribulada história... ou teremos que hipotecar de novo a pátria de Camões? O tipo destas manifestações sectárias sob a égide do desporto não ajuda muito, mas já são um sinal de que estamos vivos e a exercitar o corpo no manifesto do novo Bandarra para a new age – ou para o ciclo aquariano do recém-nascido mito da portugraalidade futura.


(Para quando uma corrida, pelas ruas de uma metrópole qualquer, com as intervenientes a correrem todos nus? Já agora... (até era mais «ergonómico» e tudo!).
Um dos nossos trunfos vai ser a capacidade, chamada talento de bem fazer, de recriar o mundo que cada um tem para si e para os outros de forma harmónica e fraternal, cordial e comuniticativa, mesmo perante situações ridículas ou tragédias anunciadas como as que diariamente são despejadas na galáxia da (contra-)informação.
Para dar o salto ainda falta comer muito sal ou chorar as lágrimas – como a chuva que vem do alto? É tempo de outros voos aqui na terra! Outro atributo necessário é a arte, o virtuosismo do bom desempenho e representação nos palcos das aldeias perdidas num labirinto de contradições entre o exercício do verbo e a e a (sic) sua expressão real... no mundo global a caminho da nova industrialização, por vezes sem engenho, de nível planetário. Para remar contra mares revoltos é preciso vontade, virtude e sangue frio – a vitória da tenacidade e esperança sobre o medo e a auto-comiseração castradora de desfiles exóticos de poder imaginário para as massas, moldáveis às mãos do verdadeiro líder. Mas também é preciso inventiva, recriar o mito e projetar a realidade para além da visão quadrada de uma qualquer calçada (com ou sem salto alto).

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