27.3.10

das quatro têmporas

As têmporas são certos jejuns, que celebra a Igreja nos quatro tempos do ano, estabelecidos por S. Calisto, papa. A causa por que a Igreja celebra estes jejuns nos quatro tempos do ano, é (como diz S. João Damasceno) para aplacar os movimentos, que causam nos corpos humanos os quatro humores nas quatro partes do ano, e isto por ocasião do movimento celeste. E assim:

Jejuam-se as primeiras têmporas na quarta-feira, sexta e sábado na segunda semana da Quaresma, próximas da Primavera, para que se reprima em nós o sangue, que no tal tempo costuma predominar, e inclinar ao vicio da carne e vanglória.

Jejuam-se as segundas têmporas, próximas à entrada do Verão, na quarta-jeira, sexta e sábado da semana seguinte ao Espírito Santo, para que se reprima a cólera, que no tal tempo costuma predominar, e mover os homens à ira, ódio e engano.

Jejuam-se as terceiras têmporas, na entrada do Outono, em quarta-feira, sexta e sábado depois da Santa Cruz, a 14 de Setembro, para que se retire ou diminua e adelgace em nós a melancolia, que no tal tempo costuma predominar, a qual move à tristeza e à avareza.

Jejuam-se as últimas têmporas, no princípio do Inverno, na quarta-feira, sexta e sábado depois de Santa Luzia, a 13 de Dezembro, para que não cresça em nós a fleuma, que no tal tempo costuma predominar, e causar preguiça e frouxidão corporal e espiritual. Advirta-se, porém, que quando a Santa Cruz e a Santa Luzia caírem em quarta-feira, quinta, sexta e sábado, se devem transferir estas têmporas para a quarta, sexta e sábado da semana seguinte.

[Jerónimo Cortês, Lunário Perpétuo. Porto: Lello & Irmão, [s.d.]. p. 51]

21.2.10

história e tradição

Não é por acaso que o primeiro filósofo da História foi Paulo Osório, de Braga, no século V. Discípulo e amigo de Santo Agostinho, impregnado pelo inconsciente colectivo de uma região onde se formava o povo português, ele percebeu que a História tem um sentido e que é comandada pela Providência Divina, a fim de que se cumpra um Plano. Ele nasceu e viveu exactamente onde se forjava o berço de uma Nação privilegiada, com alta missão a cumprir.
Vico, no século XVIII, retomou a Filosofia da História, sendo considerado seu fundador. O costume de sempre: os portugueses são pioneiros e os outros depois conquistam a fama. Entre um e outro há uma distância de treze séculos. No século XX, Pietro Ubaldi enfatiza de novo o sentido da História, enquanto Toynbee, desiludido com os determinismos geográfico e racial, admite forças místicas agindo no impulso dos movimentos civilizadores.
Logo depois de Paulo Osório, português antes de haver Portugal, Santo Isidoro de Sevilha, no século VII, considerado o maior sábio do seu tempo, captou o futuro da Humanidade, atribuindo a Missão de unifica-la a um povo do ocidente da Península Ibéria, essas profecias estiveram em voga na Espanha, ante o fracasso do Império de Carlos V e referiam-se já à missão de Portugal. A Igreja proibiu-as por motivos óbvios: ela só admitia tal missão para a Espanha, seu braço direito e instrumentos inquisitorial para o domínio do mundo. É de salientar-se também que as profecias de Santo Isidoro, reaparecidas no começo do século XVI, formaram uma tradição na Espanha, anterior portanto ao aparecimento de Bandarra em Portugal, já a meados do século, aliás contemporâneo de Nostradamus, mas sem a mesma fama, devido à conspiração de silêncio do quarteto europeu (França, Itália, Inglaterra e Alemanha). Quarteto que concedeu guarida a mais dois: Espanha e Rússia. Sexteto que monopoliza a cultura europeia.

[Jonas Negalha, O sentido da história à luz da tradição]

5.2.10

Lusiadum populi

Lusiadum populi, mente alta condite vestra,

Lusiadum populi, mente alta condite vestra,
Quae servent vobis fata morata Deum.

Principis effigie...cussum cum fulserit aurum
Venturum regem non procul esse docet.

Pontificis Summi, Sacro et Commercio Roma
Interdicta negant posse latere dice.

Hoc simul ac fiant, tunc Lusitania gaude
Nam dubie adventus spes tibi certa venit.

Imperium capies toto dominaberis orbi
Et solemnes muri sub tua sceptra cadent.

(Profecias do monge Rolando — Século XIV, descobertas em 1600 num ms. antigo)


Povos da Lusitânia, conservai altamente na memória o que os tardios fados dos Deuses vos têm destinado. Quando virdes cunhada em ouro a imagem do Príncipe, isto vos ensina que o Rei, que há-de vir, já não está longe. Quando virdes cortado o Comércio com o Sumo Pontífice e a Sagrada Roma, sabei que ele já não poderá estar por muito tempo encoberto. Apenas isto vires, alegra-te ó Lusitânia, e tem por certa a esperança daquela vinda de que se duvidava.

Apossar-te-ás do Império; dominarás em todo o Orbe e os muros de Jerusalém (?) cairão debaixo dos teus ceptros.


s.d.
Sobre Portugal - Introdução ao Problema Nacional.
Fernando Pessoa (Recolha de textos de Maria Isabel Rocheta e Maria Paula Morão. Introdução organizada por Joel Serrão.) Lisboa: Ática, 1979. - 31.

22.1.10

s. vicente


A Igreja Católica comemora hoje o dia de S. Vicente, o mártir cuja influência espiritual esteve na génese da nação portuguesa.

Um excelente sítio para saber (quase) tudo acerca desta personagem inolvidável para para a diocese de Lisboa e para a própria portugalidade.