1.6.09

competição

A sociedade moderna e o seu instrumento para formação e educação dos seus consumidores, a escola (com o seu porta-voz, os média), centra-se na competição como ideologia para se ser bem sucedido na vida. Aparentemente, não há nenhum mal nisso, antes pelo contrário, se a competição for um meio para alcançar esse objetivo e não o fim em si mesmo.

No entanto, na realidade, o que acontece é que o discurso e a prática centram o seu alvo naquilo que é acessório, deixando, assim, de lado aquilo que deveria ser o essencial, seja, o desenvolvimento e a evolução pessoais.

Neste tempo presente, em que a maioria das pessoas anda à deriva, à procura de uma salvação qualquer que lhes permita deixar de trabalhar (como se isso fosse a grande libertação das amarras da vida, simples e sem-sabor, que quotidianamente levam, por julgarem que é com bens materiais que preenchem o seu vazio ontológico), ou uma maneira de irem, sempre cada vez mais, alcançando galardões que lhes possam preencher o desejo de ultrapassarem a sua mediania, aparecem, por todos os lados, estimulantes para essa forma de se sentirem «alguém» a quem se possa chamar um vencedor.

E é precisamente este espírito de competição que faz com que, por exemplo, a essência da prática das artes marciais tenha sido completamente relegada para segundo plano e as tenham tornado em simples formas desportivas – com direito a presença nos jogos olímpicos e tudo – onde o objetivo já não é a disciplina quotidiana de «vencer-se a si próprio», mas apenas demonstrar que se é melhor do que os outros, os adversários.

Estes sinais (preocupantes) dos tempos, chegam também (mais facilmente) a formas de exercício físico que procuram proporcionar o bem-estar psicossomático, como a ginástica de salão, por exemplo. O problema não é a competição em si (necessária para apurar os melhores em qualquer modalidade desportiva), mas sim o espírito com que os participantes entram nas competições (e no próprio exercício das suas práticas), pois aquilo que deveria estar em primeiro lugar era o aperfeiçoamento pessoal e não o espírito de «luta» contra adversários exteriores, como se estivéssemos perante uma batalha na qual é preciso «defender os títulos conquistados». Porque se há uma luta a travar para podermos vencer (na vida), essa luta tem que ser travada connosco próprios – a pacificação da mente –, antes de podermos competir para «vencer» os outros...

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