3.6.09

pur'acaso

Nos anos 80, aquando da minha primeira estadia pela LusAtenas, saía o livro de Gilbert Durant, «Mitolusismos» de Lima de Freitas, um ensaio bem ilustrado e ilustrativo sobre o pintor dos arquétipos nacionais que melhor soube plasmar, sob a forma de arte, as «imagens obsessoras» do nosso imaginário enquanto Nação.

Nessa altura «fixei» essa obra, costumando amiúde desfolhá-la (na livraria perto do local de trabalho) e contemplar as suas excecionais ilustrações. Por o dinheiro não «dar para tudo» o que se gosta e, também, por vezes (como foi o caso) termos de tomar decisões consoante as contingências dos momentos, «esqueci-me» do livro, embora a imagem da capa (e outras interiores) me surgisse – qual nemésis – de tempos a tempos como um aguilhão torturador...

Na segunda-feira 1 passei (rapidamente) pela Feira do Livro do Porto e veio-me à ideia (mais uma vez) a imagem/recordação viva de Mitolusismos, e tive o '(pre-)sentimento' de que o livro não andaria longe... Pus-me então a «bater» os alfarrabistas da Invicta até que, por fim (ou início), após vinte anos de «busca», ele lá estava à minha espera... como se ainda não tivesse saído da estante da livraria de Coimbra!

Perante a minha pergunta, o proprietário da livraria, já não com a acuidade mnemónica de outrora, «apenas» se lembrava ter de Mestre Lima de Freitas uma ilustração d'Os Lusíadas. No entanto, uma sua colega, mais «atenta», com a impressão de que «havia qualquer coisa», foi procurar e trouxe-me «o» exemplar, contando-me depois parte da história de como ele veio parar às minhas mãos. Contou ela que muito pouco tempo antes de a livraria o ter adquirido, alguém havia passado por lá à procura do livro, tendo sido por «acaso» que não o encontrou...

E foi assim que, passadas duas décadas, adquiri (finalmente) essa relíquia do genial artista (que não me saía da mente) e que uma espécie de intuição me «guiou» até ao sítio onde me «esperava»...

Ele há coisas!... que o acaso (não) consegue explicar!...

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