14.11.11

colóquio sobre rené guénon

Colloque René Guénon — Une vie ésotérique

Lorsque René Guénon meurt au Caire le 7 janvier 1951, André Gide le salue comme « l’un des plus grands esprits contemporains ». Soixante ans après cette disparition, rien dans le cours de notre monde moderne n’est venu contredire la justesse de cette appréciation. Le constant rejet de principes immuables a accéléré l’installation d’une anarchie intellectuelle et sociale plongeant les individus dans l’incertitude, la confusion, le mal-être et l’insatisfaction. Le message de René Guénon n’en demeure ainsi que plus actuel. Ses travaux représentent plus que jamais un recours contre les maux qui nous frappent et une réponse à nos manques grandissants. Ce colloque se propose donc de faire connaître cet interprète de la Tradition, en mettant en lumière, d’une part, la pertinence de sa critique radicale du monde moderne et en présentant, d’autre part, ses réflexions sur les possibles voies de revitalisation spirituelle qui s’offrent à nous dans un univers en pleine dissolution. Enseignements des Grandes Traditions de l’Humanité, legs d’un message universel sont la substance d’une œuvre dont viendront nous entretenir les différents auteurs et chercheurs qui interviendront lors de cette journée. Il s’agira tout simplement, grâce à l’exploration de cette œuvre, de se poser les bonnes questions et d’examiner en quoi le recours à la Tradition n’est pas un retour à un passé mythifié et idéalisé mais une voie dynamique d’ouverture et de création. René Guénon fut un discret éveilleur de consciences, c’est dans cet esprit que ce colloque souhaite s’inscrire en étant une occasion d’indiquer les moyens de parvenir à cet éveil.

[19 novembre 2011 | Musée d'Aquitaine à Bordeaux
Seront présents: Jean-Pierre Laurant | Ghaleb Bencheikh Jean-François Moulinet | Tareq Oubrou]

28.10.11

censura

Ultimamente têm surgido alguns comentários que não foram publicados por – e somente – não apresentarem o mínimo aceitável de correção ortográfica. Não sei se os seus autores são estrangeiros ou se se trata de um estilo próprio, mas – e podem chamar-lhe censura – eu não publico aqui mensagens que não cuidem da «pátria portuguesa». A minha desculpa a todos os visados; caso queiram que os comentários (que agradeço) sejam publicados, é favor reescrevê-los (em «português aceitável») e reenviá-los.

18.5.11

ibéria

Ibéria

Ibéria
formosa
apunhalada
Virgem
que morre
não violada

Lutaste
caíste
mutilada
teu sangue
envergonha
o aço da espada

Negaste
ao ímpio
a boca gelada
Se deste sangue
não deste
mais nada

Morreste
Ibéria
estás sepultada
mas cantarás
amanhã
ressuscitada

[Jonas Negalha, «Ibéria», in Ibéria, Anistia, Revolução, 1963]

1.1.11

recomeçar...

Sísifo

Recomeça…


Se puderes,
Sem angústia
E sem pressa.
E os passos que deres,
Nesse caminho duro
Do futuro,
Dá-os em liberdade.
Enquanto não alcances
Não descanses.
De nenhum fruto queiras só metade.


E, nunca saciado,
Vai colhendo
Ilusões sucessivas no pomar.
Sempre a sonhar
E vendo,
Acordado,
O logro da aventura.
És homem, não te esqueças!
Só é tua a loucura
Onde, com lucidez, te reconheças.
[Miguel Torga in Diário XIII (1983, p. 20)]

27.3.10

das quatro têmporas

As têmporas são certos jejuns, que celebra a Igreja nos quatro tempos do ano, estabelecidos por S. Calisto, papa. A causa por que a Igreja celebra estes jejuns nos quatro tempos do ano, é (como diz S. João Damasceno) para aplacar os movimentos, que causam nos corpos humanos os quatro humores nas quatro partes do ano, e isto por ocasião do movimento celeste. E assim:

Jejuam-se as primeiras têmporas na quarta-feira, sexta e sábado na segunda semana da Quaresma, próximas da Primavera, para que se reprima em nós o sangue, que no tal tempo costuma predominar, e inclinar ao vicio da carne e vanglória.

Jejuam-se as segundas têmporas, próximas à entrada do Verão, na quarta-jeira, sexta e sábado da semana seguinte ao Espírito Santo, para que se reprima a cólera, que no tal tempo costuma predominar, e mover os homens à ira, ódio e engano.

Jejuam-se as terceiras têmporas, na entrada do Outono, em quarta-feira, sexta e sábado depois da Santa Cruz, a 14 de Setembro, para que se retire ou diminua e adelgace em nós a melancolia, que no tal tempo costuma predominar, a qual move à tristeza e à avareza.

Jejuam-se as últimas têmporas, no princípio do Inverno, na quarta-feira, sexta e sábado depois de Santa Luzia, a 13 de Dezembro, para que não cresça em nós a fleuma, que no tal tempo costuma predominar, e causar preguiça e frouxidão corporal e espiritual. Advirta-se, porém, que quando a Santa Cruz e a Santa Luzia caírem em quarta-feira, quinta, sexta e sábado, se devem transferir estas têmporas para a quarta, sexta e sábado da semana seguinte.

[Jerónimo Cortês, Lunário Perpétuo. Porto: Lello & Irmão, [s.d.]. p. 51]

21.2.10

história e tradição

Não é por acaso que o primeiro filósofo da História foi Paulo Osório, de Braga, no século V. Discípulo e amigo de Santo Agostinho, impregnado pelo inconsciente colectivo de uma região onde se formava o povo português, ele percebeu que a História tem um sentido e que é comandada pela Providência Divina, a fim de que se cumpra um Plano. Ele nasceu e viveu exactamente onde se forjava o berço de uma Nação privilegiada, com alta missão a cumprir.
Vico, no século XVIII, retomou a Filosofia da História, sendo considerado seu fundador. O costume de sempre: os portugueses são pioneiros e os outros depois conquistam a fama. Entre um e outro há uma distância de treze séculos. No século XX, Pietro Ubaldi enfatiza de novo o sentido da História, enquanto Toynbee, desiludido com os determinismos geográfico e racial, admite forças místicas agindo no impulso dos movimentos civilizadores.
Logo depois de Paulo Osório, português antes de haver Portugal, Santo Isidoro de Sevilha, no século VII, considerado o maior sábio do seu tempo, captou o futuro da Humanidade, atribuindo a Missão de unifica-la a um povo do ocidente da Península Ibéria, essas profecias estiveram em voga na Espanha, ante o fracasso do Império de Carlos V e referiam-se já à missão de Portugal. A Igreja proibiu-as por motivos óbvios: ela só admitia tal missão para a Espanha, seu braço direito e instrumentos inquisitorial para o domínio do mundo. É de salientar-se também que as profecias de Santo Isidoro, reaparecidas no começo do século XVI, formaram uma tradição na Espanha, anterior portanto ao aparecimento de Bandarra em Portugal, já a meados do século, aliás contemporâneo de Nostradamus, mas sem a mesma fama, devido à conspiração de silêncio do quarteto europeu (França, Itália, Inglaterra e Alemanha). Quarteto que concedeu guarida a mais dois: Espanha e Rússia. Sexteto que monopoliza a cultura europeia.

[Jonas Negalha, O sentido da história à luz da tradição]

5.2.10

Lusiadum populi

Lusiadum populi, mente alta condite vestra,

Lusiadum populi, mente alta condite vestra,
Quae servent vobis fata morata Deum.

Principis effigie...cussum cum fulserit aurum
Venturum regem non procul esse docet.

Pontificis Summi, Sacro et Commercio Roma
Interdicta negant posse latere dice.

Hoc simul ac fiant, tunc Lusitania gaude
Nam dubie adventus spes tibi certa venit.

Imperium capies toto dominaberis orbi
Et solemnes muri sub tua sceptra cadent.

(Profecias do monge Rolando — Século XIV, descobertas em 1600 num ms. antigo)


Povos da Lusitânia, conservai altamente na memória o que os tardios fados dos Deuses vos têm destinado. Quando virdes cunhada em ouro a imagem do Príncipe, isto vos ensina que o Rei, que há-de vir, já não está longe. Quando virdes cortado o Comércio com o Sumo Pontífice e a Sagrada Roma, sabei que ele já não poderá estar por muito tempo encoberto. Apenas isto vires, alegra-te ó Lusitânia, e tem por certa a esperança daquela vinda de que se duvidava.

Apossar-te-ás do Império; dominarás em todo o Orbe e os muros de Jerusalém (?) cairão debaixo dos teus ceptros.


s.d.
Sobre Portugal - Introdução ao Problema Nacional.
Fernando Pessoa (Recolha de textos de Maria Isabel Rocheta e Maria Paula Morão. Introdução organizada por Joel Serrão.) Lisboa: Ática, 1979. - 31.